Bom dia a todos,
Há pouco eu descobri esse link:
http://alagoasbytonicavalcante.blogspot.com.br/2011/04/maceio-antiga.html
com fotos novas e antigas de Maceió. Todas as fotos são sensacionais, mas uma
delas me chamou bastante atenção: a do Bloco Sai da Frente!!!
Esse bloco, meus irmãos, com certeza lembram, saía da Rua Sao Francisco, na
casa do Seu Mané ou Manu? Não me lembro o nome do senhor, mas era famoso. O bloco
então descia a Rua São Francisco e parava de frente para a casa da Dona Lucy e Seu
Ralf. A poeira levantava quando tocava a marchinha principal de carnaval.
Os foliões segurando galhos de carrapateiras(mamona) e dançando feitos loucos.
A poeira subia e aqui e acolá o pau baixava. O sol era de matar. O suor descia
nos rostos felizes com a música contagiante, e Dona Lucy e seu Ralf ficavam olhando
a multidão em volta de sua residência. Logo depois, o bloco desviava na ladeira e a
poeira se perdia no finzinho da mesma. De lá, o bloco seguia para a praça Moleque
Namorador, uma espécie de quartel geral da folia. Eu nunca tive coragem de chegar,
por perto, morria de medo, porque aqui e acolá alguém levava uma "peixerada" e lá
vinha a policia metendo o cacetete em todo mundo. Não esquecendo que vivíamos em
plena ditadura, e o direito do cidadão era "zero". Não tinha esse negócio de
direitos humanos.
A policia metia o pau em qualquer um, e quem iria reclamar? Reclamou, e o cacete
era bem maior. O cidadão levava um cacete e ainda tinha que agradecer ao policial,
pedir a benção.
Os carnavais já não são os mesmos, a policia já não é a mesma, os direitos humanos
defendem o bandido, e a policia é que tem que tratar o bandido como cidadão de bem.
As "peixeiradas" foram trocadas por armas potentes. Os ladrões já não querem
galinha. Querem iPad, iPhone, iMac, e se o cidadão carrega um celular vagabundo,
apanha!!!
Aí que saudades do meu tempo de criança. Brincava de chimbra(bola de gude), de
esconde-esconde, de infinca(ferrinho no triângulo), de sair correndo com um pneu
velho com uma lata dentro e dois paus segurando, enquanto eu corria sem parar,
usava também latas de leite para construir meus carrinhos. Fazíamos furos nas
latas e colocávamos arames para conectar uma lata na outra, e dentro da lata,
areia. Corríamos feitos bobos. Também aqui e acolá derrubávamos um barro no sítio,
aonde hoje é o colégio Sagrada Família e tínhamos que ter cuidado de não limpar
a bunda com folha de cansanção, lembram?
Nossos vizinhos, apesar de algumas briguinhas aqui e acolá, eram como uma grande
família. Todo mundo era fudido. Era quase todos os dias que alguém batia na nossa
porta pedindo emprestado arroz, açúcar ou algo mais. Assim íamos levando nossa
vidinha assistindo nossa tv preto e branco(tom e jerry, The monkeys, etc). A noite,
a janela da sala ficava aberta para os convidados assistiram as novelas. Era
silêncio total, enquanto aguardávamos as válvulas da tv esquentarem e a imagem
aparecer. Tv tupi do Recife. Imagem horrível, mas como não tínhamos tv digital,
achávamos o máximo e quando a coisa estava ruim, alguém subia no topo da casa e
metia bombril na antena e virava a mesma para um lado e para o outro até a imagem
melhorar. Era pobreza total, mas éramos mais felizes e não sabíamos. A família
sentava em volta da mesa, havia mais respeito. Os tempos são outros e já tinha
esquecido do que eu vivi, mas essas fotos antigas de Maceió me trouxeram tudo isso
a tona. Viajei no tempo.
Mas agora estou de volta a Londres, nesse momento tirando uma catota e colocando
debaixo da minha cadeira. Não dá pra passar no meu terno né? Kkkkk
Beijao a todos!!!
Ps gostaria de relatar tudo isso com o português de Adilma. História é o que não
falta!!
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