quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Lembranças de Maceió... Bloco Sai da Frente

 
 
Bom dia a todos,
Há pouco eu descobri esse link: 
http://alagoasbytonicavalcante.blogspot.com.br/2011/04/maceio-antiga.html 
com fotos novas e antigas de Maceió. Todas as fotos são sensacionais, mas uma
delas me chamou bastante atenção: a do Bloco Sai da Frente!!!
Esse bloco, meus irmãos, com certeza lembram, saía da Rua Sao Francisco, na 
casa do Seu Mané ou Manu? Não me lembro o nome do senhor, mas era famoso. O bloco 
então descia a Rua São Francisco e parava de frente para a casa da Dona Lucy e Seu 
Ralf. A poeira levantava quando tocava a marchinha principal de carnaval. 
Os foliões segurando galhos de carrapateiras(mamona) e dançando feitos loucos. 
A poeira subia e aqui e acolá o pau baixava. O sol era de matar. O suor descia
nos rostos felizes com a música contagiante, e Dona Lucy e seu Ralf ficavam olhando
a multidão em volta de sua residência. Logo depois, o bloco desviava na ladeira e a 
poeira se perdia no finzinho da mesma. De lá, o bloco seguia para a praça Moleque 
Namorador, uma espécie de quartel geral da folia. Eu nunca tive coragem de chegar, 
por perto, morria de medo, porque aqui e acolá alguém levava uma "peixerada" e lá 
vinha a policia metendo o cacetete em todo mundo. Não esquecendo que vivíamos em 
plena ditadura, e o direito do cidadão era "zero". Não tinha esse negócio de 
direitos humanos.
A policia metia o pau em qualquer um, e quem iria reclamar? Reclamou, e o cacete 
era bem maior. O cidadão levava um cacete e ainda tinha que agradecer ao policial,
pedir a benção. 
Os carnavais já não são os mesmos, a policia já não é a mesma, os direitos humanos
defendem o bandido, e a policia é que tem que tratar o bandido como cidadão de bem.
As "peixeiradas" foram trocadas por armas potentes. Os ladrões já não querem 
galinha. Querem iPad, iPhone, iMac, e se o cidadão carrega um celular vagabundo, 
apanha!!!
Aí que saudades do meu tempo de criança. Brincava de chimbra(bola de gude), de 
esconde-esconde, de infinca(ferrinho no triângulo), de sair correndo com um pneu 
velho com uma lata dentro e dois paus segurando, enquanto eu corria sem parar, 
usava também latas de leite para construir meus carrinhos. Fazíamos furos nas 
latas e colocávamos arames para conectar uma lata na outra, e dentro da lata, 
areia. Corríamos feitos bobos. Também aqui e acolá derrubávamos um barro no sítio,
aonde hoje é o colégio Sagrada Família e tínhamos que ter cuidado de não limpar 
a bunda com folha de cansanção, lembram? 
Nossos vizinhos, apesar de algumas briguinhas aqui e acolá, eram como uma grande 
família. Todo mundo era fudido. Era quase todos os dias que alguém batia na nossa 
porta pedindo emprestado arroz, açúcar ou algo mais. Assim íamos levando nossa 
vidinha assistindo nossa tv preto e branco(tom e jerry, The monkeys, etc). A noite,
a janela da sala ficava aberta para os convidados assistiram as novelas. Era 
silêncio total, enquanto aguardávamos as válvulas da tv esquentarem e a imagem 
aparecer. Tv tupi do Recife. Imagem horrível, mas como não tínhamos tv digital, 
achávamos o máximo e quando a coisa estava ruim, alguém subia no topo da casa e 
metia bombril na antena e virava a mesma para um lado e para o outro até a imagem
melhorar. Era pobreza total, mas éramos mais felizes e não sabíamos. A família 
sentava em volta da mesa, havia mais respeito. Os tempos são outros e já tinha 
esquecido do que eu vivi, mas essas fotos antigas de Maceió me trouxeram tudo isso 
a tona. Viajei no tempo.
Mas agora estou de volta a Londres, nesse momento tirando uma catota e colocando
debaixo da minha cadeira. Não dá pra passar no meu terno né? Kkkkk
Beijao a todos!!!
Ps gostaria de relatar tudo isso com o português de Adilma. História é o que não 
falta!! 
 
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7 comentários:

  1. Sergio,


    Amei seu texto. Um relato emocionante e um tanto melancólico de um tempo que não volta mais, porém foi muito bem vivido e deixou lembranças.

    Felizmente a ditadura acabou, o direito evoluiu, as válvulas das TVs foram aposentadas, as classes mais pobres emergiram no Brasil (ainda existe miséria, mas muita coisa mudou para melhor sim), não podemos mais deixar a janela aberta para os vizinhos (hoje nem sabemos o nome do vizinho!), temos medo de sairmos nas ruas, o carnaval ingênuo deu lugar a uma indústria, pegávamos latas vazias para construirmos brinquedos, podíamos brincar na porta de casa, os mais velhos eram respeitados, criança dormia cedo, entre outras mil coisas diferentes. Evolução tem um preço e acho muito conveniente pagar por ele.

    Naquele época esse seu relato chegaria nas mãos de todos para quem você mandou esse e-mail em quanto tempo e a qual custo?

    Beijo grande e fica com Deus na terra da rainha, que aliás tem uma vida longa danada e já viu muitas mudanças nesse mundo!

    Adilma

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  2. Com certeza Adilma, o mundo mudou muito. O Brasil tambem mudou bastante principalmente no que diz respeito a vida financeira de muitos. No passado ter um TV preto e branco era luxo. Pra se ter uma linha telefonica muito pior. Tinhamos uma ramal da Embratel e briigavamos ppra atender o telefone ou em dia brigamos pra nao levantar do sofa e atender um. Hoje poucos querem conversa ao telefone. Mensagens de texto, salas de bate-papo e email eh o meio mais comum que a garotada escolheu pra se comunicar. Logo, logo teremos medicos para desatrofiar lingua, porque ninguem conversa!!!
    Sempre tive a ilusao que depois de um certo fora do Brasil iriamos evoluir.
    O cidadao iria poder sair as ruas tranquilos. Teriamos metro e trens na maioriia das cidades de medio e grande porte. O sistema de saude seria uma dos melhores do mundo e a bandidagem so iria aparecer nas telas do cinema. Vou continuar sonhando Adilma. Aquela foto do Sai da Frente me fez revisitar um passado adormecido que me orgulho de ter vivido apesar do sacrificio dos nossos pais, numa epoca em que nao tinhamos a liberdade de expressao, nem internet, nem celular, nem Ipad, nem Ivibrator kkk
    Beijao,
    Sergio

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  3. Adilma esqueci de calcular quanto me custaria pra enviar essa mensagem há mais de 30 anos atras. Custaria um pequena fortuna. Vc mesmo deve saber a fortuna que que custava pra enviar um telegrama. Num telegrama vc tinha que ser curto e grosso. Nada de pontuação, nem a nem b.
    Pra dizer que infelizmente alguém faleceu provavelmente saia assim: Zé morreu!!! Aconteceu um acidente: Zé fundido. Ficou gravida? Maria buchuda. E por aí afora!
    Vou trabalhar. Beijos

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  4. O que me incomoda muito hoje em dia, é não poder comer quantos pães eu tenha vontade ( tou brigando a meses para ficar nas duas cifras, 99 Kg). Na época de vacas magérrimas ( anos 70 ), nós em casa não tinhámos direito de comer um pão inteiro, Salete (que missão !) tinha como obrigação dividir todos os pães em quatro partes, e cada um tinha direito a três destas, mas, para variar Maria IrRita sempre dava um jeito de comer pelo menos um pão inteiro. Pronto, a briga tava feita. ahahahahah

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  5. Em relação a tecnologia, acho que todos que me conhece sabe: Adoro a tecnologia que ja temos hoje em dia... Que venha mais, melhores e acessíveis

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  6. Paulo, eu adoro tecnologia tambem e acho que tem que ser mais explorado a fundo. Por exemplo: Porque nao inventar um telefone que quando o cara roubar, voce vai em qualquer telefone, orelhao, disca um codigo unico e segundos depois o telefone caga uma especie de super-bond ai gruda na mao, no bolso, aonde o cara tiver colocado e o alarme eh ativado dizendo bem alto(o alarme) SOU LADRAO!!! SOU LADRAO!!! ROUBEI ESSE CELULAR!!! ME PRENDAM, SOU FILHO DE PUTA!!! NETO DE PUTA< BISNETO DE PUTA, TATARANETO DE PUTA, TETRANETO DE PUTA, CATOTANETO DE PUTA.... ate a bateria acabar!!!! Queria ver ladrao roubando celular. Poderia tambem, colocar uma mini-bomba, o telefone iria automaticamente pegar fogo e o cara nao poderia usar pra nada!!!

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  7. Adorei sua ideia Sergio!!!!!

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