domingo, 12 de junho de 2011

O concreto e o gênero


Moro num apartamento que fica no térreo e, externamente, temos uma área grande, que funciona como uma varanda de mais ou menos 30m². Acima são três andares.  Como tudo nessa vida tem o lado bom e o ruim. Ficamos expostos, diariamente, a vermos objetos que caem ou são lançados pelos “educados vizinhos”. Os objetos variam: podemos ver embalagens de shampoo, copos plásticos, goma de mascar, restos de alimentos, pedaços de madeira e, pasmem, já jogaram uma camisinha usada!

Ontem estava atendendo uma ligação quando escutei um barulho vindo dessa área. Fui verificar e vi que pedaços de concreto estavam caindo e por muito pouco não arrebentou o vidro do basculante. Indignada olhei para cima e vi que um técnico estava instalando uma antena da SKY. O homem furava a parede sem se incomodar com o estrago que causava na minha área.

Imediatamente chamei a atenção dele e perguntei para qual apartamento ele estava trabalhando, porque qualquer prejuízo eu iria procurar o dono. O homem respondeu grosseiramente e continuou como se nada tivesse acontecido. De repente percebi que uma mulher puxou a cortina do quarto e se esgueirou pelo canto da janela, olhando para baixo. Continuei reclamando, certa que ela iria manifestar-se. Falei alto que não era nada demais se fazer o serviço, mas o mínimo que poderia ter sido feito era ter me avisado antes. Isto para evitar um possível acidente como receber um pedaço de concreto na cabeça ou ter os vidros dos basculantes do banheiro de pelo menos dois apartamentos quebrados (o meu e o de cima).

A mulher, dona da casa, simplesmente ficou olhando, sem esboçar nenhuma reação nem pedir desculpas pelo transtorno. Fiquei muito chateada. Enquanto isso o homem no telhado andava pelo muro, equilibrando-se como um artista de circo, numa altura equivalente a cinco andares, sem nenhuma proteção. Se caísse não sei o que aconteceria, mas seria outro transtorno, isto porque o corpo ficaria na minha varanda!! Depois do serviço concluído ficou para mim a limpeza da sujeira que o técnico deixou.

No final da tarde a companhia tocou, fui atender. Era o dono do apartamento onde a antena foi instalada, marido da mulher que mencionei. Veio desculpar-se e me disse que ele não estava em casa no momento, por isso aquilo tinha acontecido. Perguntou se havia algum prejuízo, que ele estava disposto a pagar. Prejuízo não houve, mas deixei claro que não gostei do modo como tudo aconteceu, não custava nada ter interfonado e me avisado do serviço.

Fiquei pensando depois disso na atitude da esposa do homem: esperou o marido chegar para agir civilizadamente. Costumo pensar nos detalhes das coisas que acontecem em torno de mim, sendo eu ou não a protagonista da história. Nesse caso o que mais me impressionou foi a forma como a mulher reagiu. Não entra na minha cabeça... Estamos no século XXI e ainda existem mulheres que se escondem debaixo das asas dos maridos para governarem suas vidas ou para defendê-las como se fossem crianças imaturas. Mulheres inúteis? Que tipo de mulher é esse?

Vejo muitas mulheres agirem de modo semelhante. Demonstram uma fragilidade que muito provavelmente estão longe de terem. E assim continuam, fazendo “tipo”. Porque para mim isso é representar um personagem. Tenho certeza que os homens gostam disso. Só pode! Assim o comportamento é perpetuado, ano após ano, geração após geração. Acho que agindo assim a mulher acaba se tornando prisioneira de um ideal que é imposto e ela não percebe. São assim formados os estereótipos: “mulher é frágil”, “mulher compreende e perdoa”, “todo homem trai”.

Pois é... Os pedaços de concreto, apesar de não terem caído na minha cabeça (felizmente) me fizeram pensar bastante. Eu me sinto meio por fora desse circulo vicioso daquilo que considero ser um “jogo de cena”.  

Adilma 

4 comentários:

  1. Adilma, acredito que fosse oportuno voce imprimir suas belas palavras, e colocar debaixo da porta da sua vizinha de cima, para que a mesma acorde!!!Talvez ela ainda esteja no seculo passado!!!
    beijos

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  2. Ei, eu não ! Não gosto de mulher dependente, se começar a pergurtar muito, já fico impaciente... Só acho um pouco engraçado quando alguma delas pergunta: O que é shampoo para cabelos OPACOS ? AHAHAHAHAHAHAH

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  3. É a pior "raça de mulher" que existe, essa de sempre depender do marido pra resolver qualquer coisa.

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  4. Ah TAH, entendi ! Ahahahahaha

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