Educar é (mais) tarefa da mãe?

Lembrei-me de uma crônica de Fernando Sabino – Reunião de Mães – que li aos 15 anos, no livro Elenco de Cronistas Modernos. O início do texto é: “A reunião de pais só havia mães. Eu me sentia constrangido em meio a tanta mulher, por mais simpáticas me parecessem, e acabaria nem entrando - se não pudesse logo distinguir, espalhadas no auditório, duas ou três presenças masculinas que partilhariam de meu ressabiado zelo paterno.”

Mais de uma década depois de ler a crônica tornei-me mãe. Quando comecei a participar dessas reuniões, percebi que nada mudou e assim continua ainda hoje. A última (reunião) que participei tem dois meses e 99% dos presentes eram mães. Será que é porque nós mulheres vamos assumindo as tarefas sem perceber e os homens vão se “esquivando sorrateiramente e sem nenhuma culpa”?

Detalhe importante! No caso da escola de João, ao final da entrevista com cada um dos professores, era entregue uma relação de presença onde se lia: “assinatura do pai ou responsável”. Ou seja... Apesar de sermos 99% dos presentes tornávamos “responsável”. Eu, como sou chata com essas coisas, SEMPRE reclamava. Coincidência ou não na última vez a frase foi resumida para a palavra: “assinatura”.

Quando ocorrem as separações as mães ficam com os filhos, na absoluta maior parte das vezes. Tenho UM amigo que ao se divorciar ficou com os quatro filhos. É o único caso que conheço. Quando ele casou novamente, os quatro já adolescentes, a nova esposa colocou como condição básica todos os filhos saírem de casa. E ele, meu amigo, aceitou... Sei que já existem movimentos de pais que querem ficar com os filhos pós-separação, entretanto, ainda são minoria.

Não quero ser sexista, mas talvez nós mães (inclusive eu) tendo "mais" essa tarefa de educadora que o pai, acabamos formando homens que perpetuam esse pensamento. Num momento em que casais homo afetivos adotam crianças, em que a modernidade alcança patamares jamais imaginados tanto social quanto tecnológico, ainda restam papeis muito bem definidos numa relação de casal.

Perdoe-me meu querido primo Petrúcio, mas a tarefa de educar deve ser partilhada, não sei em que porcentagem para cada um dos pais. Aí está a grande questão! Pergunto-me se eu estou contribuindo para isso. Sinceramente não sei. Filhos aprendem muito com exemplos, sabemos disso e nunca temos a certeza do resultado final da educação que damos. É um processo contínuo, lento e não sei até onde ou quando vai. Ficando a tarefa "mais" para a mãe o sucesso ou fracasso é "mais" materno? Não está na hora então das mulheres exigirem parceria?

Adilma