Ser jovem é isso?

Nesses últimos dias duas notícias envolvendo jovens, coincidentemente de São Paulo, em redes de relacionamento chamaram minha atenção. A primeira delas foi de um grupo de universitários de um curso de engenharia bioquímica (se não me engano) da UNESP que criou uma página no Orkut para divulgar o Rodeio das Gordas. No tal “rodeio” um rapaz deveria abordar uma estudante que esteja acima do peso, inicialmente fingindo-se interessar-se, para em seguida pular sobre a garota como se montasse num boi. A quantidade de tempo que conseguisse ficar montado daria o título de vencedor. Quanto pior a reação da moça, mais ela seria tripudiada sendo considerada “bandida”, numa alusão ao (finado) boi bandido que era indomado.

Logo que o fato caiu na mídia o grupo de estudantes retirou a comunidade do ar, mas já era tarde - foi instaurado um inquérito policial. Entretanto, nenhuma vitima prestou queixa. Acredita-se que por medo de se expor. A polêmica está longe de acabar. Diversos grupos dentro da própria universidade estão mobilizados para discutir, punir (se for o caso) e repudiar, alguns achando que se trata de uma brincadeira (?!) que simplesmente deve acabar e ponto final.

A segunda notícia foi de uma estudante de direito que inconformada com a vitória de Dilma escreveu no twitter “Nordestisto não é gente, faça um favor a Sp, mate um nordestino afogado!". Atenção: o texto com a palavra NORDESTISTO foi transcrito integralmente, é um termo pejorativo mesmo. Também essa “doce criatura” já apagou os perfis que dispunha tanto no twitter quanto no facebook. A OAB de Pernambuco já entrou com uma representação contra a cidadã.

A rapidez com a internet alcança os mais remotos lugares é espantosa. E, acredito, as pessoas parecem não se darem conta. Crueldade, racismo, preconceito, brincadeira de mau gosto tornaram-se aparentemente normais. Onde vamos parar?

Sem falso moralismo (da minha parte), estou chocada. Como confiar em profissionais racistas, preconceituosos, intolerantes, que pregam a morte, a humilhação, o terrorismo, a violência contra a mulher? Não é possível que fatos como esses continuem se proliferando impunemente. Pedidos de desculpas, no meu entendimento, são fáceis. Difícil é aprender a respeitar o ser humano.

Adilma