quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Papo sério

Essa noite assisti parte do programa “A Liga” (http://www.band.com.br/aliga/conteudo.asp?ID=357478), apresentado por Rafinha Bastos, na Band. Não sei quem de vocês já assistiu. Os temas abordados são contundentes e atuais. Ontem fiquei realmente muito chocada. Falou-se sobre drogas. Pessoas viciadas, em diversos segmentos sociais, das baladas de classe média paulistana à “Cracolândia”. Homens e mulheres, jovens e de meia-idade, negros, brancos, pardos. Tudo isso permeado por informações precisas de pessoas como perito criminal, ex-juíza, sociólogo, psicólogo, policial, familiares, ex-usuário, etc. Opiniões favoráveis e contrárias.

Dos entrevistados, usuários das drogas, apenas um não mostrou o rosto. Segundo ele porque tem receio da repercussão no ambiente de trabalho, visto que tanto ele quanto a esposa usam cocaína. A droga está presente no orçamento doméstico do cidadão. Ou seja: parte do que recebe o casal é destinado à droga, mensalmente.

Foi um programa sério, sem sensacionalismo, sem pieguice, sem falsos pudores. Mas, acima de tudo, muito doloroso. Alguns sustentam a liberação, outros a regulamentação, outros tantos a repressão. Entre os usuários duas vertentes: uns que adoram, enquanto há aqueles que apresentam desespero e total submissão ao vício. Pessoas que perderam tudo - família, emprego, dignidade - moram na rua, passam dias dopados, roubam para comprar mais drogas, reviram sacos de lixo nas esquinas em busca de restos de alimento. Esperam a morte ou curtem “na brisa” (gíria que significa o espaço de tempo em que sentem o efeito geralmente eufórico do crack e da cocaína).

Cada entrevistado com sua história. Um rapaz, perguntado por que começou a usar drogas afirmou que “apanhava do pai”. Isso o revoltou, saiu para as ruas e daí para o vício foi um pulo. Já outro disse que o pai dava tudo: carro, viagens internacionais, faculdade particular, uma boa mesada. Virou traficante e foi preso no aeroporto de Lisboa. Hoje, segundo ele, está recuperado. Escreveu um livro relatando sua história (não sei como, porque fala errado que doi!).

Enfim, durante a exibição do programa, fiquei muito pensativa e refletindo sobre meus filhos. Tive medo. Um medo racional e aflitivo. Não quero jamais que eles enveredem por esse caminho. A dúvida fica presente em mim. Como educar para evitar que nossos filhos se envolvam com essas drogas? Qual o ponto de equilíbrio? O que fazer?

Acho que não existe receita. Explicações, conversas francas, educação, observação, fé em Deus? Não sei. Lamentável.

Eu não estou muito bem e esse programa me deixou um pouco mais deprê...

Adilma

17 comentários:

  1. Adilma,
    Primeiramente parabéns pelo depoimento sobre a matéria, acho que os caras da produção iriam ficar felizes com seu depoimento, pois foi muito bem produzido.
    Realmente é complicado para os pais estarem atentos a esse mundo de drogas que circulam em todos os ambientes, só nos resta ter sempre um diálogo franco com os filhos para passar que nunca, de maneira alguma, queiram experimentar qualquer que seja a droga, pois na maioria das vezes a coisa fica irreversível.

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  2. Adilma, infelizmente eu não assisti "A Liga" de ontem, eu gosto muito do programa, já assisti vários e e sempre muito rico.

    Eu tenho um afilhado (é como a gente chama as pessoas que a gente apresenta ao movimento da igreja que eu participo) que é um dependente químico em tratamento (está sem usar drogas há 2 anos e 8 meses) e a gente conversa muito sobre essa doença terrível que destrói lares e vidas.
    Eu ainda não tenho filhos, mas também sinto medo de meu irmão, meus familiares, meus amigos venham a se envolver com isso, pq ninguém tá livre. Eu conheço uma menina, que tenho muuuito carinho, estudou comigo no Ensino Médio, menina super calma, educada, estudiosa, boa filha, séria, que não sei por qual motivo se envonveu com drogas e hoje está em recuperação. E o caso dessa amiga mexeu muito comigo, pq se uma pessoa como ela, que era a ultima pessoa do mundo que eu acharia que se envolveria se envolveu, quem está livre de verdade?

    É muito assustador e muito triste. Eu rezo e rogo muito a Deus que a minha família seja livre desse problemas e que as famílias que estejam passando por essa situação que se reestruturem e possa achar uma luz no fim do túnel.

    Gostei muito do Post.
    =* prima querida

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  3. Corrigindo:

    *desses problemas
    *envolveu

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  4. Gracas a Deus mesmo estando morando num pais aonde todo mundo toma drogas, cheira, injeta, etc Nunca ninguem conseguiu me convencer de fazer esse tipo de safadeza. Torco para que nenhum dos meus irmaos, sobrinhos(a),primos, etc nao caiam nessa. abracao,
    Sergio

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  5. Tio Sérgio.

    A dependencia química, ou o alcoolismo, é uma DOENÇA, uma compulsão, e não uma safadeza. Por mais que uma pessoa tenha feito a escolha de experimentar uma droga ou o alcool, ela não fez a opção de ser um dependente químico ou um alcoolista. E essa escolha do experimento não cabe a nenhum de nós, julgar, porque nós não sabemos o que leva alguém a encontrar essa fuga, ou sabe lá o que...

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  6. Acho que alguns tipos de vício tipo: alcool, cigarro, maconha, cocaina a pessoa que oferece ao colega ou amigo que se diz gosta do outro é mentira, pois, que gosta não oferece, isso, não vai resolver problema nenhum, e sim, vai ser o primeiro passo para a desgraça, pega a pessoa carente, triste é nessa hora ideal para ajudar, ou seja lascar mais a pessoa, resumindo pega ele num momento de fraquesa daí é só triteza, peço a Deus todos os dias para que esse amigos que surgem na vida dos meus filhos, das nossas familias, fiquem bem distântes se tiverem este vício e intenção de oferecer e os mesmos querer provar,Deus os livre desse amigo, isso é o inimigo.

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  7. Algumas histórias de pessoas drogadas:

    1°) O cara usou um calmante ministrado em elefantes. Ficou quatro dias "na brisa". Não se recorda de absolutamente nada do que se passou com ele nesse espaço de tempo. Quando saiu da letargia estava sem roupa, todo sujo, num lugar ermo e cheio de lixo. Jura que nunca mais vai usar, pois arrependeu-se. A experiência não valeu;

    2°) Andado na rua e drogado por heroína, a pessoa viu um pudim no chão. Achou estranho, engraçado e resolveu chutar. Quebrou um dedo nesse ato - era uma pedra! Esse foi preso, algum tempo depois, por roubo de um carro, motivado pela necessidade de adquirir a droga;

    3°) Enquanto andava numa praça em Salvador um drogado viu a estátua descer do pedestal, convidá-lo para dançar e ele aceitou;

    4°) A família toda almoçando num domingo e uma das filhas, drogada sem que ninguém soubesse, queria pegar a macarronada. Só que o prato estava na mesa e o macarrão flutuava alguns centímetros acima. Essa menina casou-se, anos depois, com um viciado em cocaína. Numa briga com o marido, porque ela estava grávida e não queria usar drogas, resolveu jogar fora no vaso sanitário a coca que ele tinha comprado. Com raiva ele disparou seis tiros nela, que não morreu, nem perdeu o bêbe, mas ficou tetraplégica.

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  8. Lari,

    Adorei o "prima". Que fofo!!!

    Bj!

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  9. Bem na minha humilde opinião, os filhos é jogar aberto com eles, nunca esconder nada, nem esconder-se da realidade da vida, tudo a seu tempo, as amizades é o caminho, um verdadeiro amigo jamais irá oferecer algo deste tipo, levar sempre os filhos para um culto seja lá onde for, e gradecer sempre à Deus junto com os filhos.

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  10. Adilma, eu não sei se criei bem meus filhos, minha criação foi muito dificil, pai alcolatra, mãe tabagista, conversa era praticamente impossivel, tinha dias que ele nos expulsava de casa, como desde de muito tempo o pau sempre quebra na costa do mais fraco ou do mais novo, eu vim começar a sair de casa com meus dezoito anos, foi quando fui pra marinha, bem depois de enfrenta-los buscando pelos meus direitos, eu não tive o mesmo procedimento com meus filhos, quem os conhece sabe da conduta deles, sempre respeitando todos, entra e sai em qualquer lugar sem causar má impressão, eles trabalham desde de novo Yvess começou com 14 anos, sempre gostam do
    que é bom então vamos trabalhar para poder possuir o que gostar, acho que o trabalho e estudo reforçou muito a personalidade forte que eles possuem, mesmo assim eles são tentados por falsos amigos que nós os alertamos, ficamos muito felizes pelos relatos feitos a nós, nós os amamos demais e eles sabem disso, tudo o que fazemos e dizemos é para o próprio bem deles.

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  11. Luiz,

    Como diz Paulo: "assim como são as pessoas são as criaturas". Você não teve uma boa relação com seus pais, conseguiu driblar e reagir, seguindo em frente e agindo diferente com os filhos.

    Já outras pessoas, como o rapaz que foi entrevistado e que eu relatei o drama neste post, simplesmente se jogam ao desprezo e aniquilam as próprias vidas.

    Fico feliz por você, junto com Rita, terem conseguido passar para seus filhos exemplos de vida que moldaram neles personalidades fortes.

    Parabéns a vocês dois.

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  12. Adilma, eu não sei você sabe, a minha função profissional me coloca a frente de crianças e adolescentes que tem problemas com drogas. trabalho numa escola onde desempenho um função chamada professor mediador de conflitos, nessa escola existe entorno de 800 alunos, os conflitos da escola fica pra mim resolver. Os conflitos são dos mais diversos, desde uso de drogas, tráfico,furtos, brigas, comportamento inadequados e etc.
    O problema está aí, tenho que ter uma sensibilidade muito grande, pois na maioria das vezes pra quem não entende acha que é apenas um conflitos qualquer, mais no fundo a realidade é outra. Quando o diagnóstico é feito percebemos que o problema na maioria das vezes é estrutura familiar, depois do diagnóstico temos que elaborar estratégicas para amenizar os problemas, por que resolver por definitivo é muito difícil.Claro, existe dezenas de outros fatores para que a pessoa se envolva com drogas, alguns são por curiosidade, outros por problemas familiares e etc.
    Abraços a todos.

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  13. Fernando,

    Muito interessante essa visão da escola, diante da realidade que vivenciamos, mas por outro lado, é incrível a necessidade de um mediador! Para onde estamos indo? Sinceramente não sei dizer.

    Eu fico imaginando os problemas que passam por você. Com o tempo acredito que você até se acostumou, mas deve ter histórias complicadas.

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  14. Há muitos problemas,houve um caso de um menino que o pai era alcoólatra, e os coleguinhas dele começaram a chamar o pai dele de bêbado, o menino ficava nervoso quando isso acontecia e saia no soco com outros colegas. O menino me procurou pra ajuda-lo , comecei a conversar com ele, o mesmo contava quando o pai bebia ficava violento, deixei o menino desabafa, depois do desabafo o menino me agradeceu, motivo! eu o escutei e ofereci ajuda no que ele precisasse. Hoje o pai do menino não bebe mais.

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  15. Só nos jovens é que podemos relatar o que vivemos, porque a grande maioria desses acontecimentos nos atinge diretamente. Eu falo isso muito triste e feliz ao mesmo tempo. Sempre estudei em colégio particular e o mais incrível que são neles o foco. Todo o acesso a droga que eu tive na minha vida foram neles. Eu tinha colegas que levava maconha pro colégio, remédios, "lólo" entre outras muitas. E sempre fui forte em não entrar nessa vida, sempre somos tentados a isso e se não estivermos preso a alguma coisa, a família, a igreja, aos bons amigos, pegamos esse caminho fácil fácil... É isso. Hoje é assim, e não tem pai nenhum que impessa seus filhos a entrarem nesse mundo ao não ser eles mesmos.

    É muito dificil.

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  16. Meu pai chegou um dia para mim, Bia e Ubira - não sei se eles se lembram disso - mostrou e queimou maconha (a fim de conhecermos o cheiro) e cocaína (acho que era sal de frutas).

    Ele disse que trouxe do quartel porque um grupo de traficantes tinha sido preso e ele pediu a um superior para trazer a fim de mostrar aos filhos.

    Explicou que fazia mau, que as pessoas eram presas por isso. E, DOCEMENTE, falou: “Se um de vocês se meter com uma droga dessas eu mesmo faço questão de prender, mandar pra cadeia. E pode esquecer que tem pai.”

    Cada palavra que ele pronunciou parecia estar sendo mastigada, com raiva, sílaba a sílaba.

    Senti um medo terrível! Nunca esqueci.

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