segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Tá ligado véio?


Desde que se aprende a falar, e na era da tecnologia que vivemos onde tudo acontece com muita rapidez, os jovens falam um dialeto próprio que vai sendo moldado conforme nível social, tribos, novidades, contemporaneidade, etc. Assim também surgem as gírias, pelo menos em grande parte nasce ou se prolifera nesse universo juvenil. E muito aqui para nós: quem nunca falou ou fala? Algumas caem em desuso e ficam ridículas. Quem ousa dizer que Gianecchini é um pão? Ou que Lady Gaga é uma brasa, mora? (A propósito, eu não sou desse tempo!). Legal, bacana, bicho, barato, talvez por serem tão fofas, estão durando algumas décadas.

As corruptelas também constroem (ou destroem) o idioma e acabam virando gírias! Meu pai dizia que baiano adora encurtar as palavras por preguiça. Ele tinha uma opinião muito boa de baiano... Rsrsrsrsrs... Claro que eu discordo. Mas, não vamos falar de preguiça baiana, porque já foi assunto noutro tópico.

Seu Adelmar prestava atenção nisso e eu ficava atenta às suas observações. Aqui se diz: “xô vê aí” (deixa-me ver isso aí); “ó paí ó” (olha para isso aí olha - que virou mini série na Globo que virou filme); “véi” (que vem do véio, que vem de velho); “qualé de mermo” (o que é mesmo?); “buzu” (ônibus); “mermão” (meu irmão, amigo); etc. E ainda tem a explicação de porra, que muitos já devem ter recebido via e-mail. Na Bahia, a depender do contexto, esse palavrão pode ser substantivo, adjetivo, advérbio de lugar, de tempo, etc, etc, etc.

E agora, como se não bastasse, com a velocidade das informações as gírias que antes se restringiam a determinados locais, alcançam uma abrangência muito maior. E vemos o caçula de Petrúcio usar a expressão “isso é maneiro véio”. O “maneiro” é gíria carioca? E o “véio”? E “mano”, gíria típica de Sampa que invade Salvador? E “piriguete” (na Bahia, mulher de conduta duvidosa) que já se fala de norte a sul? E “mané” (no Rio de Janeiro, sujeito abobalhado)? Essas são as que me vieram de pronto à lembrança, algo meio “Top of Mind”.

Meu filho passou uma época que iniciava ou concluía todas as frases com “tá ligado?”. E minha resposta era quase sempre a mesma, como a de Petrúcio – “espera um instante, vou procurar uma tomada”. Ele se irritava com isso. Um dia, num trajeto entre a escola e a casa de um colega dele eu contei: João e mais dois amigos usaram a expressão “tá ligado” cinquenta e duas vezes! Ao final do trajeto, que durou 15 minutos (!) por causa do engarrafamento, aproveitei a chance para relatar esse “dado importante” a eles. Foi uma surpresa geral. Felizmente o “tá ligado” foi tirado da tomada. E eu senti um grande alívio.


Adilma

2 comentários:

  1. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!!!!!!!!!!!!
    Adilma, você é demais da conta.(hihihi)
    Adorei!

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  2. Eu vivo isso diariamente, na escola onde eu trabalho, a molecada responde a prova com abreviações e com "girias". Um caos total.

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