Amava meu avô. Eita macho retado! Ele tinha mania de passar o mão direita nos lábios, o dedo mínimo torto, antes de soltar uma sonora gargalhada. Lembro-me que ele bebia café sem açúcar, que derramava no píres, e sorvia com um sonoro chiado. Era uma "figura" querida. E como gostava de contar "causos" que jurava serem verdadeiros.
Lembrava demais o Pantaleão, famoso personagem de Chico Anísio. Até os óculos escuros, o jeito de sentar na cadeira de balanço e suas famosas "tiradas".
Como muitos sabem nosso avô foi sapateiro. Aldo (filho de tio Salvador) ajudava ele de vez em quando na sapataria. Eles se davam muito bem, adoravam-se.
Mas vamos a uma história de Mané Pedro. Essa ele contou no velório da velha Filó, vizinha em Delmiro Gouveia. Eu estava presente.
Um dia ele saiu para caçar passarinhos. Levava uma espingarda. E montou uma armadilha para pegar vários pássaros ao mesmo tempo: espalhou alpiste num lajedo. Os pássaros, atraídos pela comida, começaram a pousar para comer.
Entretanto, no primeiro tiro, muitos voaram deixando nosso avô puto da vida. Ele ficou cismado, pensando num modo de evitar isso. E teve uma ideia... (Acho que Rita tem a quem puxar...).
No dia seguinte ele pegou cola de sapateiro, a espingarda, um saco e lá se foi para o mesmo lugar. Chegando lá espalhou a cola de sapateiro no lajedo, depois espalhou o alpiste e ficou esperando. Aos poucos os pássaros foram descendo. Mané Pedro todo feliz.
Ao pousarem naturalmente os pássaros iam ficando presos. E Mané Pedro só olhando, esperando que aumentasse a quantidade dos pobres bichinhos.
Quando o lajedo estava repleto de pássaros, ele resolveu soltar o primeiro tiro. Para a sua surpresa os bichos alçaram voo... Carregando o lajedo com tudo!!!!
A essa altura as pessoas atentas à narrativa ficaram perplexas.
- Eita mentira!! Mas o que é isso? Os passarinhos levantaram o lajedo???
- Homi, respondeu Mané Pedro com o dedo em riste, não me chame de mentiroso! Isso aconteceu mesmo. O lajedo agora está distante e não me deixa mentir. É só ir lá prá comprovar.
Assim a noite passou. A velha estirada no caixão, no meio da sala vazia. O povo? Na varanda escutando os "causos" e rindo.
Adilma
Adilma,
ResponderExcluirAcho que foi Sérgio que "puxou" ao avô.
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!!!!!!!!!!!!
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
ResponderExcluirÉ mesmo???? Lembrei-me de Rita por causa das ideias mirabolantes!