terça-feira, 17 de agosto de 2010

'Uma pedra delmirense rumo à capital'


Todos nós sabemos que havia uma ligação profunda, complexa que certamente está além da vida entre meu pai (Adelmar) e meu primo/irmão (Paulo). Era uma relação de cumplicidade e carinho que sempre chamou atenção. Meu pai quando falava dos parentes distantes, dos irmãos, irmãs, sobrinhos e sobrinhos, buscava citar Paulo como um filho. Confesso-lhes que ficava sem compreender. Na minha garotice ficava tudo muito confuso. Quando passei alguns dias com ele em uma Clínica em Salvador (ele fazendo quimioterapia), e entre um biscoito e outro, um cochilo e uma leitura, ele fez algumas confidências. E, para a minha surpresa e satisfação (pois já compreendia que a ligação Paulo/Adelmar era muito forte e não carecia ter qualquer mácula de ciúme) pude perceber a importância para ele em reverenciar Paulo (representante de toda uma família), que apesar da distância, dos conflitos e dos problemas, era a figura singular que representava os parentes, pois, na sua memória estavam longínquos.

Depois que meu pai (Adelmar) faleceu ... fui pessoalmente à Maceió fazer uma entrega. Meu pai deixou para Paulo uma pedra que ele trouxe para Salvador quando saiu de Delmiro Gouveia. A pedra de amolar faca. Mas, por qual razão está pedra era tão importante? Nas civilizações mais antigas a pedra tem um valor simbólico, mítico ... e meu pai, apesar de muito duro, inflexível, complexo... capaz de rasgos de paciência quase incompreensíveis com os netos (especialmente Isadora e Fernanda) ... era um homem místico, a pedra significava um símbolo de força, um legado, uma herança cultural e representativa.

A viagem também representou muito para mim. Quando retornei para Salvador separei alguns coisas e sempre que posso recordo. Cumpri o desejo que ele manifestou e sei que a pedra está em boas mãos. Espero de coração que Paulo compreenda e aceite este post sem afetação. Ele sabe o meu profundo respeito e consideração à todos (as) os nossos parentes, longínquos e tão próximos do nosso coração.

Que a vida possa nos ser profunda, honrada e verdadeira como os jardins de pedra.

Abraços aos meus primos e primas, irmãos e irmãs, tios e tias."




Bia Carvalho


Foto inserida por Kokada

10 comentários:

  1. Seu Primo/Irmão Paulo Sah17 de agosto de 2010 às 16:16

    Ibira, é muito raro o dia que eu não lembre do meu Tio/Padrinho/Amigo Adelmar, na última quinta para sexta-feira eu acordei às 03:30h e não consegui dormi mais, lembrando dêle e de como eu vou relatar a nossa grande amizade e convivência desde 1981...no SOPA.
    Mas, sem dúvidas, eu o farei com bastante carinho.

    Bjo,

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  2. Meu querido Paulo,

    Sei disto ... sei o quanto é significativo para vc. Abraços,

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  3. Tio Adelmar com certeza deixou um vacuo que jamais sera preenchido e Paulo sempre reverenciou Tio Adelmar assim como nosso Tio fez com Paulo.
    Muitas vezes achei que tio Adelmar seria eterno carnalmente e que viveria por seculos. E' dificil de aceitar que ele partiu mas ele sempre estara vivo em nossos coracoes.

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  4. Fiquei muito emocionada agora... Sem palavras.
    É muito difícil falar de Tio Adelmar sem me emocionar, uma pessoa que eu sempre tive como meu avô, já que não pude ter a felicidade de conhecer Vô Alberto. E de Painho então é quase impossível.

    Lindo post Ibira.
    =*

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  5. Quando Paulo veio visitar meu pai no hospital, pouco tempo antes da sua morte, eu estava também (numa das poucas vezes que fiquei, pois eu simplesmente não aguentava vê-lo definhando) aconteceu um diálogo mais ou menos como segue:

    - "Pronto, aí está seu sobrinho querido."

    E meu pai respondeu:

    - "Paulo é mais que isso, ele é meu amigo, meu afilhado, meu filho".

    Dito isso pôs as mãos no rosto e chorou copiosamente.

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  6. Continuando... Confesso que fiquei com ciúme sabia Paulo? Meu pai se foi sem nunca ter me dito algo assim, tão profundo, sincero e caloroso.

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  7. Adilma, respeito o seu eventual ´ciúme´, mas chego a admirar o comportamento de vocês, pois, mesmo com estes eventuais ciúmes (sempre ficavam de sacanagem e piadinhas, acho que pra ver como em desenrolaria) vocês sempre respeitavam e admiravam a relação minha com meu Tio/Padrinho/Amigo Adelmar, em sempre disse que levei muita sorte, pois, já conheci-lo Adelmar bem mais Light, em uma situação até mais sossegada, o tempo de muitíssima dureza pra ele e vocês também já era passado. Plagiando IrRita: SIMPLES....

    Bjão

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  8. Pois é Paulo, trata-se de um "pseudociúme". É claro que entendíamos e compreendo até hoje, graças a terapia e maturidade (hehehehehe).

    Meu pai mudou muito, com o decorrer do tempo, minha tia ajudou bastante nesse processo. Aos poucos ele foi ficando mais tranquilo, menos agressivo conosco.

    Também, crescemos né? Aí vieram os netos, tudo melhorou bastante.

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  9. Eu entendo o tratamento dele com voces, as vezes não temos coragem de dizer eu tenho tanto amor por voce, que a única coisa que conseguimos fazer é ser áspero e de certa forma não sabemos se ele nos ama ou não, mas pode ter a certeza de que voces foram muito amados ao jeito dele, lógico que ele gostaria que voces tivessem um estilo vida diferente, talvez não gostaria de chegar ao final de sua vida e sem voces terem uma definição na suas vidas, o carinho de ambos é que um com pletava a carência do outro, um de amar e o outro de ser amado, eu o conheci pouco, mas a presença de um homem forte não só nas palavras como no espirito, ele estará sempre entre nós, nas boas lembranças, como lições de vida. é isso que acho.


    luiz baena

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